FAZ BEM E NÃO É DE HOJE

A relação das mulheres com o uso medicinal da Cannabis é um fato histórico. Muito utilizada por conta de seus efeitos calmantes, anti-inflamatórios e analgésicos, a planta sempre fez parte da medicina praticada pelas mulheres que, na antiguidade, eram conhecidas como curandeiras ou bruxas – uma denominação que já foi considerada depreciativa, mas que hoje é ostentada com orgulho por muitas mulheres que têm resgatado a importância desses conhecimentos ancestrais.

Para se ter uma ideia do quão longe vai essa relação, existem menções aos usos ginecológicos da planta desde o antigo Egito, ainda em 1.500 a.C, quando se indicava o seu preparo com mel para ser aplicada dentro da vagina, como forma de resfriar o útero.

Esse conhecimento, infelizmente, foi em parte abandonado após a proibição da planta ao redor do mundo. Porém, felizmente, em razão dos últimos avanços científicos e na lei, hoje ele retorna com força para contribuir com a saúde da mulher, funcionando como uma alternativa saudável, natural e eficaz para diversos tratamentos.

A CANNABIS NA GINECOLOGIA

Não é incomum que, tanto no período pré-menstrual quanto na menopausa, muitas mulheres enfrentem situações de dor e desconforto que, via de regra, precisam ser tratadas com medicações convencionais que acabam gerando efeitos adversos no organismo.

Não é incomum, inclusive, que mulheres sejam incentivadas – e às vezes até pressionadas – a fazerem uso de anticoncepcionais para “regular” o ciclo e livrá-las da dor, o que acaba expondo seus corpos a verdadeiros coquetéis de hormônios que podem afetar outras funções importantes do organismo.

Já a planta, devido a seu potencial anti-inflamatório, relaxante e para o alívio da dor, se apresenta como uma solução altamente eficaz e praticamente sem contraindicações, que pode levar alívio e equilíbrio ao organismo da mulher sem que ela precise se submeter a outros tratamentos mais agressivos.

Além dos potenciais terapêuticos presentes na Cannabis, outro fator importante é a sua variedade de possibilidades no que diz respeito à forma de aplicação, que pode ser através de óleos, pomadas e até de supositórios intravaginais, uma vez que a mucosa da vagina apresenta grande capacidade de absorção.

As possibilidades de uso da Cannabis para a saúde da mulher são tantas que permitem até mesmo que façamos uma lista elencando seus benefícios.

CÂNCER DE MAMA

O câncer de mama é o tipo de câncer que mais aflige mulheres ao redor do mundo, o que faz da possibilidade do uso da planta nesses casos ainda mais importante.

Há muito se sabe dos benefícios das fórmulas à base de Cannabis para atenuar os efeitos de tratamentos contra diversos tipos de câncer, como os quimioterápicos, por exemplo. Porém, pesquisas recentes têm demonstrado que, para além desses casos, a planta também pode ajudar a combater a doença propriamente dita. No câncer de mama, especificamente, ela pode bloquear o crescimento de células malignas, o que, na prática, pode impedir o crescimento da própria doença.

ENDOMETRIOSE

Atingindo milhões de mulheres no Brasil e o no mundo, a endometriose causa o crescimento anormal do tecido que reveste o útero, o endométrio, que por conta da doença, acaba crescendo ao redor do útero, o que gera bastante dor, sangramentos e desconforto, podendo, inclusive, acarretar na infertilidade da mulher.

Normalmente tratada através de reposição hormonal, o que pode envolver a adoção de dispositivos como o DIU, por exemplo, e endometriose, por vezes, pode acompanhar a mulher por grande parte da vida.

Por conectar-se ao Sistema Endocanabinoide que, por sua vez, também é responsável pelo funcionamento saudável do sistema reprodutivo feminino, a Cannabis pode agir como uma importante aliada nos tratamentos contra a endometriose, equilibrando o trato reprodutivo, diminuindo a inflamação do endométrio e aliviando de maneira importante os quadros de dor.

MENOPAUSA

Causada pelo declínio natural nos hormônios reprodutivos, o que costuma acontecer por volta dos 45\50 anos, a menopausa costuma gerar muitos desconfortos, entre eles: alterações de humor, calor excessivo, ansiedade e insônia. Além do preconceito e etarismo que, infelizmente, ainda agride e constrange muitas mulheres ao passarem por essa fase natural da vida.

Por se comunicar com o Sistema Endocanabinoide, a Cannabis pode amenizar muitos desses efeitos sem que a mulher tenha que passar por outros processos mais agressivos, como os de reposição hormonal.

DESCONFORTOS DO PERÍODO MENSTRUAL

Cólicas, dores, falta de energia, alterações de humor, náuseas, enxaquecas e por aí vai. Não são poucos os desconfortos que podem afetar as mulheres durante o período menstrual.

Pois nesses casos, canabinoides como o THC e CBD também podem atuar aliviando essas sensações, fazendo do período menstrual muito mais confortável e até mesmo prazeroso para muitas mulheres.

SAÚDE SEXUAL

Falar de sexo ainda pode ser um tabu para muitas mulheres, sobretudo para aquelas que crescem ou vivem em ambientes repressivos ou sem acesso a informação. O que faz com que muitas delas tenham que enfrentar situações de desconforto, dor e medo durante a prática de relações sexuais, transformando a experiência, que deveria ser prazerosa, em um momento de angústia e frustração.

Nessas situações, o uso da Cannabis já se mostrou bastante benéfico, podendo contribuir para o aumento do apetite sexual, melhora do orgasmo e diminuição da dor durante a relação sexual.

UM CONHECIMENTO ANCESTRAL QUE PRECISA SER RESGATADO

A ligação das mulheres com o poder curativo das plantas, como a Cannabis, é um fato histórico, especial e importante que, por conta da repressão, ignorância e preconceito, foi por muito tempo deixado de lado, mas que agora passa a ser resgatado.

Vítimas de tantas formas de opressão e violência ao longo da história, mais do que possibilidades terapêuticas comprovadas cientificamente, as mulheres podem encontrar nos tratamentos à base de Cannabis um caminho para o autoconhecimento, confiança e empoderamento, fazendo do resgate dessa relação uma forma pura e natural de resistência e autoafirmação diante de uma sociedade que ainda teima em tentar controlar os seus corpos, suas relações e sua liberdade de escolha.

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