O uso da Cannabis Medicinal tem sido estudo fortemente por médicos, fármacos, biólogos e cientistas das mais diversas áreas nos últimos anos. Mas a verdade é que registros indicam o uso da planta como medicamento por diversas civilizações há mais de dois mil anos.
A grande revolução do uso da Cannabis Medicinal aconteceu em 1965, quando Raphael Mechoulam, químico-pesquisador israelense, também conhecido como Pai da Cannabis Medicinal, isolou os dois princípios ativos da planta, o canabidiol (CBD) e o tetra-hidrocanabinol (THC). Foi a partir de sua pesquisa sobre os efeitos dessas substâncias que foi possível descobrir o sistema endocanabinoide.
Após a descoberta de Mechoulam, diversos cientistas do mundo inteiro se dedicaram a estudar a planta. Mas foi apenas nos últimos 20 anos, com a regulamentação do uso da Cannabis como medicamento em países como Estados Unidos, Israel e Europa, que os benefícios da Cannabis puderam ser amplamente difundidos dentro da comunidade cientifica e dos consultórios médicos.
Ainda que existam muitos tabus sobre o uso da planta como medicamento, diversos estudos no mundo inteiro têm se dedicado a compreender cada composto da Cannabis e seus usos no tratamento de inúmeras doenças.
De acordo com a médica Maria Teresa Jacob, pós-graduanda em Endocanabinologia, Cannabis e Cannabinoides, membro da Society of Cannabis Clinicians (SCC) e da International Association for Canabinoid Medicines (IACM), o uso da Cannabis Medicinal está cientificamente comprovado em pacientes com:
“Epilepsias refratárias, em crianças com síndromes genéticas e epilepsias graves, em pessoas com o transtorno do espectro autista (TEA), com distúrbios ansiosos e para a espasticidade muscular. Em caso de pacientes com esclerose múltipla (EM), a Cannabis trata um dos sintomas. Pacientes com espasticidade após acidente vascular cerebral (AVC) ou após traumas raquimedulares e com dores neuropáticas também se beneficiam dos efeitos do CBD e do THC”.
Além disso, a combinação dos compostos da planta ou o uso isolado deles, tem sido amplamente utilizada para melhorar a qualidade de vida, reduzir estresse e ansiedade, melhorar a qualidade do sono, reduzir dores crônicas e tratar diversas condições psicopatológicas.
Mas afinal, como atua a Cannabis Medicinal no nosso organismo e quais são suas composições e possibilidades de uso?
O Sistema Endocanabinoide é formado por uma série de receptores, por moléculas endógenas, chamadas endocanabinoides, e por enzimas que funcionam como sinais entre as células e os processos corporais. Os receptores de neurotransmissores estão espalhados por todo o corpo (sim, todos nós temos um Sistema Endocanabinoide) e as moléculas endógenas se ligam a eles, criando efeitos biológicos que buscam regular e manter o equilíbrio de outros sistemas do organismo.
A interação dos receptores endocanabinoides com seus principais ligantes pode regular e modular o estresse, as emoções, a digestão, a dor, a função cardiovascular, o sistema imunológico e processos inflamatórios, o desenvolvimento do sistema nervoso, a plasticidade sináptica, os processos de aprendizagem e memória, a coordenação dos movimentos, o metabolismo e gasto energético, a regulação do apetite, o ciclo sono-vigília e até a regulação da temperatura corporal.
André Steiner, fundador e CEO da The Quantic Hub, explica que essa interação pode ser estimulada e modulada por compostos químicos presentes na planta da Cannabis:
“Os fitocanabinoides e os terpenos da Cannabis ajudam a equilibrar o Sistema Endocanabinoide, trazendo mais qualidade de vida e bem-estar para pacientes em diversos contextos patológicos”.
Uma das formas de Cannabis Medicinal mais comuns encontradas no mercado é a de CBD isolado. Essa formulação consiste em extrair somente o CBD da planta e isolar todos os outros compostos dela como: THC, terpenos, flavonoides e outros canabinoides.
Essa formulação é indicada para pacientes que tenham sensibilidade ao THC ou a outros canabinoides. Por ser a forma mais pura de canabidiol suas propriedades anti-inflamatórias e anticonvulsivas já se mostraram favoráveis em tratamentos de doenças como epilepsia, artrite reumatoide, esclerose múltipla e a Doença de Crohn.
Na fórmula de Full Spectrum todos os componentes da planta são aproveitados, incluindo terpenos, óleos essenciais, THC, THCa, CBD, CBDa, CBG e CBN, flavonóides, proteínas, fenóis, esteróis e ésteres. Ao utilizar esse tipo de fórmula, o paciente se beneficia por completo das qualidades da planta.
Entre os benefícios do uso dessa formulação estão suas ações analgésicas e anti-inflamatórias, sendo utilizada para tratar dores musculares e crônicas, reduzir crises epilépticas, melhorar o apetite, regular o estresse, o sono e auxiliar no controle de ansiedade. A utilização da fórmula Full Spectrum permite a manutenção e qualidade de vida, regulando diversos sistemas do organismo como: sistema nervoso e digestivo.
No Broad Spectrum vemos uma formulação muito semelhante ao Full Spectrum, onde todas as propriedades da planta são preservadas, exceto o THC. Embora muito discutido na comunidade cientifica, o uso do THC (substância psicoativa da Cannabis) não é recomendado em pessoas com esquizofrenia, crianças com autismo e outros desequilíbrios mentais.
O Broad Spectrum surge como uma alternativa para pacientes que desejam usufruir de todos os benefícios da planta, mas que, de algum modo, são sensíveis ao THC. Essa formulação oferece todos os benefícios mencionados na formulação Full Spectrum, sem o risco de efeitos psicoativos.
O THC é conhecido como a molécula mais psicoativa da Cannabis. Assim como o CBD, o THC também pode ser consumido de forma isolada. Atualmente a sua porcentagem permitida é de 0,2% em fórmulas Full Spectrum. Seu uso de forma isolada, assim como outras propriedades da Cannabis, deve ser feito com acompanhamento médico, principalmente por se tratar de uma substância psicoativa.
De forma isolada o THC pode atuar como relaxante muscular e anti-inflamatório. Ele também tem a capacidade de produzir efeito anticonvulsivo, anti-inflamatório, antidepressivo e anti-hipertensivo. Além de ser usado também como analgésico e no tratamento para aumentar o apetite.
A popularização e o acesso à Cannabis Medicinal foi um grande avanço para o rompimento do tabu sobre o uso da planta. Com estudos científicos sólidos e estruturados, pode-se comprovar os diversos benefícios para a manutenção da saúde, qualidade de vida e grande melhora no tratamento de doenças que até então eram um grande desafio para os médicos.
O aumento na demanda de produção da biomassa da planta, fez com que plantações em grande escala de Cannabis utilizassem defensivos, fungicidas e produtos químicos para acelerar o tempo de desenvolvimento da planta e acabar com possíveis pragas. Esse tipo de cultivo interfere diretamente na sua qualidade, pois é dela que serão extraídos todos os seus benefícios.
Ao procurar por um produto à base de Cannabis, dê preferência aos que são cultivados da forma mais respeitosa possível à planta, obedecendo seu ciclo de vida. Cultivos regenerativos com base em um solo vivo, vão oferecer uma biomassa muito mais pura, o que impactará 100% na qualidade final do produto. Além disso, o processo de extração da planta deve ser feito da forma mais natural possível, sem uso de solventes ou outros agentes. Opte sempre por aqueles que são extraídos em sistema de CO2 supercrítico, onde não há uso de produtos químicos e a pureza na extração da planta é garantida.
Nós já falamos sobre como a Cannabis Medicinal atua em nosso organismo através do sistema endocanabinoide, quais os tipos de fórmulas disponíveis no mercado e seus benefícios, e sobre como a procedência e processo de produção impactam na hora de usufruir dos benefícios terapêuticos da Cannabis Medicinal. Depois de tantas informações valiosas, você deve estar se perguntando: “Como saber qual a melhor fórmula para o meu corpo?”.
Antes de mais nada, é preciso saber qual o seu objetivo com o uso da Cannabis Medicinal: tratamento de doenças e/ou manutenção e qualidade de vida? Ao responder essa pergunta, o próximo passo é entender como seu corpo se comporta ao entrar em contato com os princípios ativos disponíveis na Cannabis.
Atualmente é possível saber essas informações antes mesmo de começar o uso do medicamento. O EndoDNA é o teste de sequenciamento genético que identifica qual fórmula tem mais aceitação em seu corpo. Você pode realizá-lo diretamente da sua casa e receber o resultado em alguns dias. Para saber mais sobre o teste confira:
Para ficar por dentro do mundo da Cannabis Medicinal, seus usos e benefícios, acesse outros conteúdos em nosso Blog e nos acompanhe nas redes sociais.